Famoso pelo humor e ironia com que registrava o quotidiano de pessoas comuns ao redor do mundo — especialmente dos seus compatriotas —, Parr foi um importante agente de mudança na fotografia documental britânica. À primeira vista, as suas fotografias parecem exageradas ou até grotescas. Os temas que escolhe são estranhos, as cores são berrantes e as perspetivas são incomuns. Incentivado pelo seu avô George Parr, estudou fotografia na Manchester Polytechnic. Desde aquela época, desenvolveu uma reputação internacional pelas suas imagens inovadoras, a sua abordagem oblíqua ao documentário social e a sua contribuição para a cultura fotográfica no Reino Unido e no mundo.
Conhecido pelas suas imagens satíricas e coloridas que documentam a vida quotidiana, especialmente a cultura de massas e os hábitos da classe média britânica, a sua obra destacou-se pelo uso intenso de cores, capturando detalhes que revelam as contradições e excentricidades do comportamento humano. Martin Parr focou-se em temas como o turismo, o consumo e a globalização, com um olhar crítico e humorístico. As suas fotografias oferecem uma reflexão irónica sobre a sociedade contemporânea, transformando o banal em algo visualmente poderoso e significativo. O seu icónico livro de fotografias de 1986, The Last Resort: Photographs of New Brighton, capturou turistas da classe trabalhadora em Wirral, Merseyside, e ajudou a marcar a mudança na fotografia documental britânica: do estilo cru e a preto e branco do passado para um estilo mais irreverente e colorido.
Martin Parr marcou presença na vigésima edição do Imagens do Real Imaginado, onde partilhou, na primeira pessoa, alguns dos momentos mais significativos da sua carreira. Na sua entrevista a Mark Durden, artista e docente da University of South Wales, abordam o sucesso da série em New Brighton, o que influenciou o trabalho de Parr — cor, forma, impressão, artistas — e a crítica.
Como o próprio assume, Parr criou “ficção a partir da realidade”, através de fotografias com cores saturadas, que escancaram o lado cómico do turismo de massas, sempre com um olhar de crítica social.
