A curta-metragem From Maria, realizada por Ana Moreira, formada em Tecnologia da Comunicação Audiovisual pela Escola Superior de Media Artes e Design do Politécnico do Porto e produzida pela Golpe Filmes, está entre os 60 finalistas do Mobile Film Festival, um festival de curtas de um minuto gravadas com o telemóvel, cuja edição de 2020 foi subordinada ao tema “Empoderamento das Mulheres”.
Este é o único filme português selecionado para o festival e conta a história de quatro gerações de mulheres da mesma família e da sua luta contra a desigualdade. From Maria é um alerta "do longo caminho que ainda temos que percorrer" - destaca a realizadora, frisando o espectro de obstáculos e preconceitos que se verificam quotidianamente. “Era importante para mim tentar abranger de forma direta todos os problemas associados ao género feminino, desde a violência doméstica, as desigualdades no mercado de trabalho, a desproporção no acesso às mais elementares oportunidades”, afirma, recordando, entre outros exemplos "ter sofrido assédio moral no local de trabalho".
“É uma história que acontece à minha volta sendo uma mulher e tendo mulheres na minha vida”, explica. E fica um breve spoiler: a Emília foi forçada a casar, Clara recebeu um salário inferior por ser mulher, Raquel foi despedida enquanto estava grávida.
Depois há a Maria, a mais nova e a sua folha está em branco — por enquanto.
“A educação para as questões de género têm um papel decisivo - salienta - "é urgente formar as novas gerações [as folhas em branco] para a consciência cívica, a equidade e a igualdade de oportunidades, formar crianças e jovens sem prejuízo de género, só assim podemos garantir uma sociedade mais justa e equilibrada."
Com 25 anos, Ana Moreira é oriunda de uma família numerosa, um pequeno matriarcado, onde as mulheres tem um papel dominante. A realizadora sempre soube que queria contar histórias. O audiovisual surgiu naturalmente e a licenciatura garantiu-lhe ferramentas importantes ao nível técnico, de argumento, na direção de fotografia e na forma de contar histórias de forma direta. Hoje é editora e assistente de realização na produtora Audiovisual Golpe Filmes.
O filme foi escolhido para fazer parte da selecção oficial do festival, criado em 2005 com o lema “um telemóvel, um minuto, um filme”. Este ano foram submetidos 1130 filmes que abordam temas como o corpo da mulher, a violência de género e a igualdade. O Grande Prémio Internacional garante uma bolsa de 20.000 euros para produção cinematográfica, enquanto os prémios de Melhor Realização e Melhor Roteiro oferecem bolsas no valor de 3.000 euros. Os restantes prémios incluem Melhor Actriz, Melhor Actor e Prémio do Público, sem apoio monetário.
Os vencedores são anunciados a 7 de dezembro.