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Publicado em: 19 Abril 2024

Inauguração da Exposição Farpado1

A Galeria Extéril acolhe a exposição de João Leal, que inaugura já no próximo dia 27.

No dia 27 de abril, pelas 16h00, na Galeria Extéril (Porto), inaugura a exposição FARPADO1 de João Leal.

FARPADO1 é a primeira apresentação para a Galeria Extéril de um trabalho que está em desenvolvimento desde 2022, entre Portugal e a África do Sul. Conta com o apoio à produção do programa Erasmus+ ICM (International Credit Mobility) e da ESMAD.

 

 

A África do Sul é uma democracia jovem, 20 anos mais nova do que a portuguesa. O seu primeiro presidente democraticamente eleito tomou posse no dia 12 de maio de 1994, na Assembleia Nacional da Cidade do Cabo.

A Cidade do Cabo é uma cidade de contrastes: uma beleza natural acima e abaixo do nível da água, vastos espaços sem limites visíveis e uma poderosa luz solar africana. No entanto, a paisagem urbana pode ser dura e perigosa.

É uma cidade de capital imobiliário, com zonas urbanas cuidadosamente designadas como zonas "de luxo" e zonas “pobres". As linhas geográficas que separam estas construções, por vezes, não são maiores do que uma rua. Há extensos bairros com poucas condições de habitabilidade (conhecidos por ‘townships’) perto de zonas residenciais e novos empreendimentos da classe média. Em muitos locais da extensa paisagem urbana, podemos ver casas opulentas de três andares em grandes propriedades, na proximidade de povoações pobres e negligenciadas. Estas luxuosas propriedades pertencem a outra era, uma recordação dolorosa de velhas injustiças e de um fosso de riqueza cada vez maior. A demarcação contínua das zonas económicas que separam os ricos dos pobres é um projeto nacional na África do Sul, e em nenhum outro lugar é mais evidente do que na Cidade do Cabo. Ainda há muitos sul-africanos que se recusam a viver na Cidade do Cabo devido à sua topografia inalterada que lhes traz demasiadas recordações de tempos sombrios.

No dia 2 de janeiro de 2022, um violento incêndio deflagrou na emblemática Assembleia Nacional desta cidade. Em julho do mesmo ano, uma densa camada de arame farpado ‘protegia’ o edifício. Em julho do ano seguinte, essa ‘camada’ permanecia.

Será esta proteção um ato de condescendência? Quando é que uma democracia atinge a maioridade e passa a conseguir defender-se de quem a tenta ‘incendiar’, sem a necessidade de cercas (físicas ou ‘sanitárias’)?

Texto de Eran Tahor e João Leal

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Galeria Extéril
Rua do Bonjardim, 1176
4000-122 Porto

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